terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O Sol de África


O Sol de África

O sol de África,  redondo, amarelo
deitado nos relevos geométricos 
dum  djembe   que soa ao amencer
                                                     tam tam tam tam
A realidade cria  sons  de madeira
enchoupados  na auga dum rio
que às vezes  também chora
Os fechados olhos  internam-se
na raizame da erva, na terra
nos pés em coiro que caminham
baixo nuvens  grises de incerteza
A rota atravessa  as árvores  robustas
num  encadeamento que semelha não ter  fim
As vozes de África 
vêm  envolvidas no tam tam  do vento
Refletem  laios doutra hora
                                              e desta
O liberado ritmo
acada eco  entre  os dedos
debuxa  bágoas
na face chocolate duma rapariga
 infibulada
voa polo celeste céu de África
na tensa pele,  folgam as notas  duma melodia
                                                   duma oração
Uma mãe face de chocolate
intenta amamentar ao seu meninho
com o calostro que deita das suas mamas murchas
                                                                                  caídas
                                                                                  de fome
Sol de África
África negra
África nossa!
                                  Tam   tam  tam  tam tam  tam


(Poema recitado no ato África Nossa, publicado em Elipse n.º1)

Cruz Martínez Vilas (Armenteira, 1960. Galiza)
Fundadora de Penúltimo Acto (Acción Poética). Organizadora do ato Círculo Poético Aberto no Café Uf (Vigo). Pertence á Junta Diretiva da Asociación Cultural O Castro de Vigo. Publicou os livros Espelho de mim mesma (Círculo Edições, 2014) e Xerografia em branco e negro (Corpos Editora/Poesia Fã Clube, 2014).
Ganhou, entre outros, o primeiro premio no XXII Certame de Poesía en Lingua Galega Rosalía de Castro, com o poemário Amante tocada pola antropofaxia em 2008, o XXVI Poesía en Lingua Galega Rosalía de Castro, com o poemário Contemplo o proceso inevitábel da despedida em 2012 e o II Certame de Poesía em Língua Galega Manuel María com o poemário O lánguido ocaso dunha dalia. Blog pessoal: No ollar dun bufo verde.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Ethopeia: Domindo no Corpo, de Aurelino Costa ou a poesia como horizonte de eventos

Domingo no Corpo, de Aurelino Costa ou a poesia como horizonte de eventos


Domingo no Corpo é o último livro de poemas de Aurelino Costa (Argivai, Póvoa de Varzim 1956) a vir a lume. Poeta, diseur e actor, Aurelino Costa é autor de uma produção poética que, desde a última década do século passado – a sua primeira publicação em livro, Poesia Solta, data de 1992 –, se vem assumindo como uma das vozes da poesia contemporânea portuguesa com uma densidade refundadora da linguagem, tanto ao nível da imagética, como das virtualidades surpreendentes com que trabalha a língua poética, na sua concisão fónica e semântica, depuradora.

Como diseur, tem emprestado a sua voz em regulares eventos em que a poesia é aclamada e declamada. Assinale-se, a título de exemplo, a sua participação no registo audiográfico comemorativo do centenário do nascimento de José Régio (2001), com música e interpretação do Maestro António Victorino D’Almeida. Ou ainda a sua colaboração, ao nível da narração, em Miguel Cervantes & las Músicas del Quixote, com Hespérion XXI, sob a direção de Jordi Savall (2006).
O poemário Domingo no Corpo chega ao leitor acompanhado de três outos textos que procuram sinalizar a singularidade criativa da poesia nele contida. Um, da autoria de Alexandre Teixeira Mendes que, sob a forma de opúsculo, funciona como prefácio. Os outros dois, de Ondjacki e de Mário Cláudio, fecham o livro, testemunhando, nas palavras do autor de Amadeo, a «originalidade inventiva da poesia» de Aurelino Costa.

Constituído de 28 poemas, Domingo no Corpo revela-nos uma poética de fulgurações corpóreas, quer na matéria da palavra ela-mesma, quer nas coisas e acontecimentos que, por meio da sensibilidade poética, adquirem uma visibilidade que apenas pode ser refractada:
O claro orvalho na língua do fogo
Êmbolo azul num domingo antigo
(«o dia de hoje?», p. 26)

Singularidade é um dos conceitos mais intrigantes da moderna cosmologia. Início e termo de todos os universos, a singularidade corresponderia a um vórtice delirante, em que a matéria fluiria a partir de –e para–, um ponto incomensuravelmente denso. Inacessível a qualquer observador, só nos resta adivinhar o que nele ocorre. Nesse ponto em que as leis da física parecem não se aplicar, toda a visibilidade é interdita. Ponto cego por excesso de luz, nada escapa à sua intensidade gravitacional.

Horizonte de eventos é a designação de que, à falta de melhor, a física actual se socorre para descrever esta nossa resignação. Perseguidos pelo númeno kantiano, o limite que este horizonte de eventos evidencia assemelha-se demasiado ao horizonte – de que apenas descortinamos a linha –, ou à sombra que, por não ser luz, só por esta existe. Não se deixa apanhar mas também não nos abandona. Silêncio, que George Steiner declarou limite da linguagem, ou o indizível, que Wittgenstein convocava à inexorável mudez nossa, sobra o que (também) na linguagem científica é sortilégio poético:
sábias e fátuas as mãos prolongam uma fé intemporal
marcam a focagem dos templos
órgãos param nas veias, fuligem
estonteante e melancólica sobre a leva
hospitalizada a mancha escurece, a cama branca deita-se
ombros de esposa delicada
branca, muito branca, a espera brota
janela deste santuário opaco aguardo me leves com fruto, ave
no mais leve, derrames deixo a figueira, os gatos e um cão
folhas brancas do dormitório
esta pedra sem saber se a voz que escuto é luz ou treva
contemplando as ardósias e o desenho no chão
(«o fim acomete-se às sombras», p. 15)

Surrealizante sem surrealismo, a escrita de Aurelino Costa lança mão de artifícios discursivo-estéticos cujo labor os surrealistas elevaram à condição de culto. Desde o automatismo da escrita, em que os versos aparecem inextricavelmente desligados, ao cúmulo e acúmulo de sentidos que a oposição dos termos pode revelar a escrita de Aurelino Costa procura dar conta do assomo e assombro do mundo e da vida. No entanto, não há aqui um mundo da oníria, em cujos mistérios esforçadamente quiséssemos mergulhar. E escapar. O estado de coisas para que Domingo no Corpo aponta não é surreal, mas sim sobrerreal. São muitos os motivos que, das coisas às pessoas, na sua concreta espessura, atravessam os seus poemas (pedra, mãe, casa, seios, pássaro). Edificada numa consciência aguda da condição vivencial, a um tempo jubilosa e desencantada, a poeticidade da palavra deseja, em muitos dos seus versos, fazer unidade com o que nela, e por ela, é expresso. Melhor ainda: impresso. Fazer unidade quer dizer fazer casa, habitação da vida e da poesia:
estas pedras têm mãos de homens que morreram
mãos de homens que conheci,
mãos de homens que cumprimentei todas as [manhãs
pelas oito horas quando iniciavam os seus [trabalhos estas pedras falam de homens que não morrem,
homens que me acompanham estas pedras têm a luz das estrelas quando noite
e a luz do dia quando as olho
(…)
e eu não resisto a abraça-los dentro de mim
e a chorá-los na ausência dos dias que estas pedras soletram
palavras e lágrimas de tanta saudade
das manhãs em que eu cumprimentava estes [homens
(…)
e eu desejo-os vivos,
nus,
aqui sentados
olhando as pedras
a meu lado.
«pedras com mãos de homens que morreram», pp. 39-40)
Desejo de permanência, compulsão de uma continuidade que o carácter evanescente e efémero das coisas e da vida sempre acaba por desmentir, a poesia de Domingo no Corpo debate-se com a impossibilidade desse paradoxo. O poema (im)possível alimenta-se dessa insuficiência. Nesta fractura, nesta quebra que se dobra sobre si mesma, irrompe a escrita de Aurelino Costa. Não são as palavras que se quebram (ri_queza, re_dor, canta_bílis). Não são apenas as palavras que se quebram. É o mundo e a in-sistência compulsiva de nele fazermos vida –ek-sistência–, que se revelam como dobra, ou zeugma ainda, de um continuum que a língua poética procura restituir. Revelar é, aqui, o verbo que importa. Apocalíptica, no seu ascetismo hiperbólico, nas palavras de Alexandre Teixeira Mendes –será preciso lembrar que «apocalipse» significa, justamente, «revelação»–, a poesia de Aurelino Costa não reproduz, tão-somente, a dobra-sintoma de que o mundo, e nós nele e com ele, padece. Exercício de re-invenção das palavras e de tudo o que nelas cabe, incessante procura da «grande metáfora da purificação», como se pode ler no poema que tem por título «o dissolver» (p. 10), em Domingo no Corpo, a poesia é intrinsecamente demiúrgica. Demoníaca, portanto.
Em Ponta Delgada, Os Açores. 3 de Julho de 2013.


(Publicado em Elipse n.º 1)

Fernando Martinho Guimarães


Nascido transmontano (Alijó, Vila Real. 1960), foi na cidade do Porto que viveu até aos princípios dos anos 80. De formação filosófica e literária, a sua produção ensaística e poética reflecte essa duplicidade. Com colaboração dispersa, no Letras & Letras (Porto), revista Vértice e Parnasur (Revista literária galaico-portuguesa), no Suplemento Açoriano de Cultura do Correio dos Açores, no suplemento Artes & Letras do semanário Terra Nostra (Açores), passando pelo jornal Horizonte (Cidade da Praia, Cabo Verde), tem dedicado a sua         actividade ensaística à poesia portuguesa e galega. Cronista na Rádio Atlântida e no jornal Correio dos Açores, em Ponta  Delgada.
De entre os portugueses é de destacar a poesia de António Ramos Rosa que foi tema da tese de Mestrado em Literatura e Cultura Portuguesa Contemporânea. Da poesia galega, a sua ensaística tem incidido sobre a poesia de Luisa Villalta (I Jornadas de Letras Galegas de Lisboa, 1998) e a de Manuel António (Colóquio Escritas do Rio Atlântico, Funchal, 2001).
Publicou em 1996 A Invenção da Morte (ensaio), em 2000 56 Poemas, em 2003 Ilhas Suspensas (edição bilingue, castelhano/português),  em 2005 Apenas um Tédio que a doer não chega e, em 2008, Crónicas. Participou em 18 - antologia galaico-portuguesa (2011), edição dos autores, pelo Círculo Poético Aberto.


domingo, 21 de dezembro de 2014

Estou moi deprimido
asestou
unha puñada directa ao corazón
e trousou margaritas amarelas
sen compaixón
sen ton nin son
ouveou
e tragou o cuspe para a ocasión
pensou en cuspir máis tarde
cando pasara polo escenario
coa súa traxedia aquela moza da veciñanza
veciñanza virtual
que non satisfacía a onomatopea sacudida
e enarborou setecentos golpes de mala educación
falando coma un paroleiro
subido ao tobogán ao fin mascando
o tabaco de-construído que non fumara para a ocasión
e botouse polo barranco
atrapallado
arelante de estrelas e campañiñas de auga
ao tras luz vénse triángulos esquecidos de bermudas sen lei
translocen olladas ubicuas co don da ubicuidade
olladas silentes panadeiras entrecruzadas
coa luz do sol coa lúa da noite
escuridade parcial arremetida contra o cristal
petulante cantiga que abraia a morfina de onte
protestas no barrio que inician revolucións
con r de rock and roll
alta e clara esa panxoliña iracunda
que soa a escafandro
que desdiche os teus prantos
que roza o infinito ata atrapallalo
e que caro vai o apagamento de luz da hidroeléctrica sulfurosa
demos e pitufos estragados por autocríticas radiais
e bicicletas que non chegan a partir os radios en queixiños planos
cantan nanas nos currunchos asubían
e o cheirume a spray que non refresco
podería ser mortal na imaxinación da deusa menor
pero a depresión continúa
ata avasalar os números curmáns
pintura de a dous agraciando primaveras
grandilocuentes palabras agardando por arxila
que moldee o pan de molde do corpo de cristo de dios
e pisando bandeiras síntome mellor que pisando ovos
nada ten sentido obxectivo mais o subxectivo quizais
tres martelos unha fouce e unha forquita empale abecedarios
e ao chegar ao trece do calendario
rosmou coma chusma proletariat ao servizo de ningunha causa
cousas e efectos partidas de tres menaxes atrás na trastenda
e a merenda xa non a quero disputar…
entre outras outras cousas porque as lavandeiras fan o seu tamaño
dependendo de estrabismos fundacionais dos escaravellos-peixe
dóeme o fígado dóeme a vergoña interior
e case ningún fito é de espantallo vivo
todos temos moito que dicir
pulsións que expulsar peidos que labrar
barrigas que encher cervexa que regar
faladoiros que empregar para amordazar o noso inglés
pluscuamperfectos abetos de compañas infames
mandarinas que caen no albor da tarde
e anarquistas de matriz insolvente
que de náuseas ritmos embelecen os atardeceres
de delicadas doncelas que nunca tornaron tornasoles adobados
de autovía recalcitrantemente exposta a clara de ovo salomé
empantallados os servos dos microchips embalsamados en aceiro
que pululan os morcegos polas tardiñas negras das casas
solemnes acupunturas cansas de varices sen tatuaxes
ramos de rosas e estandartes vixiados por orwell no nadal
padal cromosoma enviuvado ata conquerir as ás reais do pavo morto e frío.

(Publicado em Elipse n.º 1)

Alfonso Rodríguez (Ourense, 1973. Galiza)
Livros publicados: Subir ao faiado (Positivas, 2004), A Porta verde do sétimo andar (livro coletivo, 2007), Azúcar glass (Duendebux, 2009), 18 (libro coletivo, 2011), A cidade na poesía galega do século XXI (livro coletivo, Toxosoutos, 2012) e Versus cianuro. Poemas contra a mina de ouro de Corcoesto (livro coletivo, A. C. Caldeirón, 2013)
Com o pseudónimo de minus bálido: Oremos (livro digital, A Regueifa Plataforma, 2007), assim como diversas colaborações para páginas webs, revistas e fanzines dentro do ámbito artístico, poético e político.
Impulsor junto com a sua compañeira Adriana Pérez da web Expoplanetarium:

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Brêtema



(Publicado em Elipse núm. 1)

José Goris (Vigo. Galiza)
Nasceu na comarca do Deça, paróquia de Manduas. É fotógrafo profissional desde o ano 1987. Participou em alguns concursos de fotografia e de desenho de cartazes, conseguindo no ano 2009 o segundo accessit no concurso de cartazes da festa de Reconquista de Vigo e em 2011 o 1º prémio no mesmo concurso representando com o seu cartaz as festa de dito ano. Tem também um diploma no concurso de fotografia realizado pela associação de comerciantes do casco velho de Vigo. Atualmente forma parte do coletivo Trisquel Art junto com Rosanegra e Cruz Martinez.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Elipse no Ateneu Comercial do Porto

Círculo Edições no momento da apresentação de Elipse

Na companha dos nossos queridos amigos
e colaboradores de Elipse; Manuel B. Rivas e Virgílio Liquito.
Ontem, no 6D, Círculo Edições esteve no Porto. Nós também, não temos nada que celebrar... Viva Galiza ceive e independente!!!.

sábado, 29 de novembro de 2014

Apresentação de Elipse na Cova

Alexandre Insua recitando Elipse nº2

Cruz Martínez lendo Elipse nº 3

rosanegra recitando Elipse 4

Círculo Edições com os seus queridos amigos:
Jesús Manuel da Torre, Virgílio Liquito e Jorge D'além-mar
Ontem na Cova dos Ratos, estivemos apresentando o nº 4 de Elipse. Tivemos a sorte de contar com a grata presença de Chus de Virgílio e de Jorge. Ficamos muito gratos com eles e também, com @s desconhecid@s que se achegaram ao ato. Foi uma noite diferente e muito engraçada!!! Obrigados. 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Apresentação de Elipse nº 4 no café Savoy em Ponte Vedra

Círculo Edições num momento da apresentação


A nossa gratidão aos amig@s que decidiram achegar-se e acompanhar-nos  na apresentação de ontem, no café Savoy, um lugar fermoso e emblemático da cidade.   



Círculo Edições com Augusto Fontám e Foni
 artistas colaboradores da revista Elipse





domingo, 16 de novembro de 2014

Círculo Edições no I festival do POEMAGOSTO


Hoje Círculo Edições apresentou Elipse nº 4 no ECO Espazo O REXO, em Requeixo de Valverde, Alhariz.
Tivemos a sorte de apresentar Elipse no primeiro festival do POEMAGOSTO, convidados pelo amigo Carlos Da Aira. Foi um prazer partilhar poesia num espaço natural tão belo.

domingo, 9 de novembro de 2014

Elipse nº 4 no Círculo Poético Aberto

Círculo Edições (rosanegra, Cruz Martínez e Alexandre Insua)
 apresentando Elipse nº 4
(foto de Jose Goris Cuinha)
Ontem, 8 de novembro Círculo Edições apresentou a revista Elipse nº 4, no transcurso do ato Círculo Poético Aberto, no "Negra Sombra Blues" em Vigo. 

Ligação com o  Vídeo da apresentação 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Elipse está de aniversário!

Nesta revista colaboram:
Belem Grandal (Galiza) mora em Euskadi, Virgílio Liquito (Portugal), José Alberte Corral (Galiza), Alfonso Díaz "Foni" (Galiza), Manuel B. Rivas (Galiza), Samuel da Costa (Brasil), Fernando Fitas (Portugal), João Rasteiro (Portugal), Fernando Pereira (Portugal), Iolanda Aldrei (Galiza), Maria Dovigo (Galiza) mora em Portugal, José Manuel Barbosa Álvares (Galiza), Mário Adão Magalhães (Portugal), Rui Tinoco (Portugal), Augusto Fontam (Galiza), Ro Palomera (Galiza), Adriano Tarra Betassa Tovani Cardeal (Brasil) e J. André Lôpez Gonzâlez (Galiza).
Já cumprimos um ano com a revista número 4. Obrigados a tod@s @s colaboradoras/es, subscritoras/es e leitoras/es em geral. Ficamos gratos pela vossa fidelidade!!.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Areal




(Publicado em Elipse núm. 1)

José Goris (Vigo. Galiza)
Nasceu na comarca do Deça, paróquia de Manduas. É fotógrafo profissional desde o ano 1987. Participou em alguns concursos de fotografia e de desenho de cartazes, conseguindo no ano 2009 o segundo accessit no concurso de cartazes da festa de Reconquista de Vigo e em 2011 o 1º prémio no mesmo concurso representando com o seu cartaz as festa de dito ano. Tem também um diploma no concurso de fotografia realizado pela associação de comerciantes do casco velho de Vigo. Atualmente forma parte do coletivo Trisquel Art junto com Rosanegra e Cruz Martinez.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Non é igual

Non é igual

Non é igual, mais ser o mesmo,
to f®ack-asar que o seu xerundio
F®ack-asar é vararse nas borras de f®acturas tatuadas en auga
o seu xerundio é un adeus tatexado en m€tal
Un adeus Anllón$, adeus sendeiros,
adeus toxos e chorimas
que non moven papaventos
Adeus, adeus que te má₪cha®
queixumes do teu sustento
Non é igual, mais ser o mesmo
a® que vento en movemento
O a® é adeus Testeiro
adeus outeiros de Brués
e fotiños do lugar
adeus sen esp@vento   nin pebidas de falcón
adeus por semp®e quizais
O movemento é un peto sen peneirar
alí onde quentar as chairas das termas
e caducar carozos traficando incenso
Adeus, adeus que te bang!,
que non é o mesmo nin me dá igual

(publicado em Elipse núm. 1)

Moncho Iglesias Míguez (Vigo, 1974. Galiza)
Licenciou-se em Filologia Hispânica e está a fazer a sua tese de doutoramento comparando contos de tradição oral palestinos e galegos. Ministra aulas de espanhol na Universidade de Sichuan na China, trabalho que combina com a escrita literária e jornalística, e com a tradução. Colabora habitualmente com revistas como Tempos Novos e Dorna e no jornal digital Praza pública.
Entre as suas obras figuram títulos como o poemário Oda ás nais perennes con fillos caducos entre os_brazos (2007), o romance Tres cores: azul (2009), os poemários Pedras de plastilina (2012) e Abuelita-Aboiña (2013) ou as traduções desde o hebreu O condutor de autobús que quería ser deus (2006) e Saudades de Kissinger (2011), e de Mahmud Darwix, a partir do árabe: Carné de identidade (2012).

terça-feira, 9 de setembro de 2014

As Papagaias

As papagaias

Un meu amigo, responsable de manadas de traballadores
contoume do contrabando de papagaias entre as montañas de Lume
Seica aprenden árabe nos Territorios
e ocupan cociñas cos seus estudos
El non as regresou
ó lugar de onde as traen
El nin sabe cantas son nin cantas foran
pero o 47 pareceulle pouco
El só sabe de onde veñen e a onde van
as papagaias e as súas gaiolas

(Publicado em Elipse núm. 1, outubro de 2013)

Moncho Iglesias Míguez (Vigo, 1974. Galiza)
Licenciou-se em Filologia Hispânica e está a fazer a sua tese de doutoramento comparando contos de tradição oral palestinos e galegos. Ministra aulas de espanhol na Universidade de Sichuan na China, trabalho que combina com a escrita literária e jornalística, e com a tradução. Colabora habitualmente com revistas como Tempos Novos e Dorna e no jornal digital Praza pública.
Entre as suas obras figuram títulos como o poemário Oda ás nais perennes con fillos caducos entre os_brazos (2007), o romance Tres cores: azul (2009), os poemários Pedras de plastilina (2012) e Abuelita-Aboiña (2013) ou as traduções desde o hebreu O condutor de autobús que quería ser deus (2006) e Saudades de Kissinger (2011), e de Mahmud Darwix, a partir do árabe: Carné de identidade (2012).

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Ler

Ler


Gosta muito de ler e lê mesmo de tudo, pois incluso a mais previsível das histórias lhe deixa espaço para construir e contar-se as suas pequenas histórias. Assim, por exemplo, o livro que está a ler não explica como é que as personagens caminham, e ele imagina a heroína a saltar sobre uma perna entretanto agarra a outra e tenta com grande esforço colocar o pé na boca, vê o suor e os pequenos sorrisos quando ela está quase certa de que o vai conseguir. E assim faz com tudo o que não está lá escrito: com o jeito de respirar, de falar, de olhar, de se arranhar, e também com o tamanho dos olhos, mãos, etc. Agora mesmo, no livro que lê, a heroína está a jantar com outra gente, o livro diz que «jantam com grande gosto no entanto Herói não deixa de espreitar os olhos de Heroína» e ele os imagina numa mesa grande, cheia de boas comidas, como as que faz sua avoa, e os vê a tentar comer com os olhos (achegando a comida a eles e pestanejando muito rápido) e também a tirar as andróias e cherovias ao ar para depois apanha-las com a língua e engoli-las sem mastigar. Ler deste jeito não se lhe faz rir, também lhe faz sentir uma grande empatia pelo herói, pois relaxa e percebe com claridade todas as circunstâncias (sócio-económicas, culturais, emocionais e de localização à mesa) que lhe impedem agora alcançar a beijar o seu amor, e sente a grande mágoa do herói como própria, porém sabe que ainda há outra circunstância que neste intre os afasta e sente, também como própria, a ledícia da heroína que finalmente conseguiu colocar o pé na boca.


(Publicado em Elipse núm. 1, outubro de 2013)

 Adrián Magro (A Corunha. Galiza)
«Foi nado na Corunha polos seus pais, gente do Val d'Eorras. Além de escrever ficções, dá aulas de línguas e traduz ou isso tenta. Ah, e tem um blogue e é este: adrianmagro.tumblr.com

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Rosalía

Rosalia

Verde te come a ervinha
Rosalia rosa  minha
Que tu tomaste nos lábios
Nos rios do coração
Quando andavas nos campinhos
Nos barcos do mar fechado
No sol negro do caixão
Nesse teu caminho alado
Que foi o teu caminhar.
Rosalia lua minha
Entra o mar pela janela
E o teu coração dentro dela
E a envolvê-lo a chorar
Chora o lume duma estrela.

(Publicado em Elipse núm. 1, outubro de 2013)

 Henrique Dória (Porto. Portugal)«Vivo no Porto. Sou advogado, escritor. Tenho publicados três livros de poemas e dois de prosa. Em publicação tenho mais um livro de poemas e outro de contos.
Fui colaborador do suplemento literário do jornal Diário de Lisboa, da revista Vértice e também de alguns jornais. Sou autor do blog Odisseus: odisseus.blogs.sapo.pt».

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Bolotas

Bolotas


...calculista já num estado deflagrante.
Anoso..., já após o seu instante.
Só ouve o marulhar dos restos de sexos
titubeantes,
tresmalhados.
Depois..., chora mais que nem uma hiena.
A podridão o encaminha ao anti- sepulcro.
Belo, já sepultado;
de quando em quando, quem o «conhece»,
dá-lhe bolotas compungentes.
(Publicado em Elipse núm. 1, outubro de 2013)

Virgílio Liquito (Porto. Portugal)
Publicou alguns livros em prosa. Participou em revistas (Última Geração e Pé de Cabra), então sediadas no Porto. Colaborou com poemas nos eventos de Versos Soltos, em Espinho. Em Filo-Cafés em Portugal e Galiza. Tem, pontoalmente, colaborado na Porte Verde e regularmente no Círculo Poético Aberto, cujos eventos têm sido lavrados no café Uf, em Vigo.

domingo, 27 de julho de 2014

Elipse nº 3 e Espelho de mim mesma no FestiGal em Compostela


Apresentando a revista Elipse nº 3 " no FestiGal em  Compostela. (Fotos tiradas por Rochi Nóvoa)
Foi no Dia da Pátria Galega. Um momento da apresentação do livro "Espelho de mim mesma".
Alexandre Insua Moreira, Cruz Martínez e Moncho Iglesias Míguez (Autor do limiar).



domingo, 13 de julho de 2014

Imagens de Espelho e Elipse em Ribadavia

Cruz Martinez (autora) e José Luis Chao Rey (Concelheiro de Cultura em Ribadavia)
no momento da apresentação de Espelho de mim mesma.


Alexandre Insua apresentando Círculo.

rosanegra na intervenção de Elipse núm.3


Detalhe foto público
 Os nossos agradecimentos a tod@s @s que partilharam connosco tão belo momento poético. Também ao patrocinador das Adegas Docampo, um bom ribeiro dumas terras formosas e cultivadas não só em vinho também, em poesia.
Obrigados e até sempre!!


Iria Beltrán explicando aos presentes
a sua colaboração  gráfica em Elipse núm.3.

Jaime Moreda Santamaría
(organizador de Por um Ribeiro Poético)
Jose Carlos Costa recitando
o seu poema publicado em Elipse núm.3
Virgílio Liquito declamando ao poeta
 Xosé Carlos Gómez Alfaro.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Elipse núm.3 e Espelho de mim mesma

Elipse 3 e Espelho vão estar, nesta sexta-feira 11 de julho, às 20: 30h em Por um Ribeiro Poético/Ribadavia. Mas também, no FestiGal o dia 25, o DIA DA PÁTRIA GALEGA.
Achegar-vos e acompanhai-nos!!.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Na Terra que me veu nascer

Na Terra que me veu nascer

Habita em minha substância uma sensação
de sentir-me apanhado numa teia de aranha;
por fim!, não sem muito esforço, ...consigo vencer.
Para onde vou agora senão para o mar,
depois de virar e baterme
na terra que me veu nascer ?
No interior fica ainda condição escrava,
E lá no mar..., quem sabe no mar!;
na água é bater e nadar, fugir entre as ondas
é navegar.
Para onde vou agora senão para o mar
depois de girar e baterme
na terra contra os dragãos?
Atos consumados, beijos de peixe, diferentes sabores,
Minha pele, a salinidade, os olhos enevoados,
Navegar mar adentro!
Vencer na terra num bater de armas,
Antiguo ofício que chamam divino,
Eu quero liberar-me!
Navego com a devoção
De não sentir-me atrapado em teu feitiço,
Liberado de falsas atribuções.
Ó, asqueroso cofre de moedas!

(Publicado em Elipse núm. 1, outubro de 2013)
Xurxo Fernández González, · xurx@erencia · (Galiza)

«— Dá-me todo o que tenhas! - disseram atemorizando-me um dia, mas como nada tinha pude sobreviver e aprendim da experiência. Essa singeleza e a inquietude por saber arrojaram luz e agora sou malabarista das letras, e não pararei tão fácilmente»

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Na apresentação de Espelho de mim mesma na Feira do Livro

Apresentando Espelho de mim mesma.

A autora Cruz Martinez

O pintor Luís viñas

O escritor Moncho Iglesias Míguez
Ontem, apresentamos Espelho de mim mesma na Feira do livro em Vigo. A tarde das Eleições decorreu baixo um lindo toldo entre amig@s e algum desconhecido que se achegou a ver a apresentação do 1º livro de Círculo Edições (ficamos muito gratos com @s amig@s e os desconhecidos que partilharam poesia a través do nosso espelho). A inauguração da Coleção ÍTACA na Feira foi uma honra para nós, já que tivemos a sorte de contar com Moncho e Luís que fizeram do evento um bom sucesso, uma tríade perfeita. Obrigados!.
Para ver todas as fotos entra aqui

terça-feira, 20 de maio de 2014

Espelho de mim mesma na Feira do livro em Vigo

www.vigocultura.org

FEIRA DO LIVRO DE VIGO
DO 23 DE MAIO AO 1 DE JUNHO
PRAÇA DE COMPOSTELA



Dia 25 de maio – Domingo
20.00 Apresentação do livro Espelho de mim mesma, da escritora Cruz Martinezcom limiar de Moncho Iglesias Míguez e ilustrações de Luís Viñas, publicado por Círculo Edições.

Programa Feira



quarta-feira, 30 de abril de 2014

Amor de Pai

Amor de Pai

(Poesía autoexplicada)


Cortei un dedo,
vai pola promesa:
Un por unha.
Hostia,
puño,
cara,
neno.
Da década, un.
Pronto os pés.
Cortei un dedo,
vai pola promesa:
Un (dedo) por unha (hostia que lle zoupei a meu fillo).
Hostia,
puño,
cara,
neno.
Da década (os dez  dedos das mans), un (xa cortei nove).
Pronto os pés.
(Publicado em Elipse núm. 1, outubro de 2013)

M. Pardo (Galiza)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Elipse e Espelho de mim mesma já estão em Pedreira.

rosanegra, Cruz Martinez e Alexandre Insua
do Conselho Editorial, apresentando Elipse nº2.

Moncho Iglesias Míguez autor do limiar e Cruz Martinez autora do livro;
 apresentando Espelho de mim mesma com Alexandre Insua.

Assinando
Car@s amig@s, se querem conseguir um exemplar de Elipse ou de Espelho de mim mesma, podem adquiri-lo também na Livraria Pedreira.
Fotos tiradas por Berta Iglesias.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Víscerais vegetais,

Vísceras vegetais,
interior dum desenganho

Perto do enxofre
E do clorato
As flores
Dam-se o lombo.
                                                       a Besta................. Está ferida,
                                                       olhando pa nós
                                                       com os seus olhos de mercurio.
Nalgumha parte
O conspícuo croar das rás
Anuncia a podridom da auga,
Berce dos ineptos.
Alheos ao conocimento
Deque neste chao,
Ergue-se o teixo,
Poderoso símbolo
Da nossa levedade
Inúteis  sabanhons,
Cavalgam
Entre a escuma
Da sem razom
                                                            arreia a pele...........
É som os lóstregos
Os que deixam ver
Tuda a podridom
Dos furúnculos
                                                           reflexada no metacrilato
                                                           das tuas palavras
Flores de sal
Abraçam-se de costas
Ao mar
E tí
Como a treboada
Passarás

(Publicado em Elipse núm. 1, outubro de 2013)
 
Augusto Fontam. Ponte Vedra, Galiza.
É um autor  esperimental no cine,é na pintura e a poesia...............solitario e furtivo. Tem um  blog em situaçom transitoria na sua construçom: augustofontam.com

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Elipse e Espelho de mim mesma em Andel

Conselho Editorial: rosanegra, Cruz Martinez e Alexandre Insua; apresentando a revista Elipse núm.2.


Moncho Iglesias Míguez, Cruz Martinez e Luís Viñas; apresentando o livro Espelho de mim mesma


Virgílio Liquito.
Ontem, em Andel, tivemos uma noite mágica entre amig@s. Principiamos com a apresentação de Elipse núm.2 e depois, apresentamos o livro de poesia Espelho de mim mesma da autora Cruz Martinez (Coleção ÍTACA). Moncho Iglesias (autor do limiar) e Luís Viñas (autor da capa e das ilustrações); expuseram-lhe ao público uma interessante visão do livro. Ficamos muito gratos com Andel e com @s amig@s que se achegaram. Obrigados.