sábado, 26 de dezembro de 2015

Pensamentos

Pensamentos

I

A Galiza é esse velho leão
travestido em insecto
por nojentas carrachas
de sangue roxo e pus dourado.


II

Estes pensamentos
são muros de silvas
que não me deixam chegar a ti
como chega no verão
a agua da chuva ao rosto.



José Manuel Barbosa Álvares. (Ourense, 1963. Galiza)
Professor de Educação Física. Fez também estudos de História na UNED. Sócio da AGAL, ex-membro do Conselho Consultivo do Movimento Internancional Lusófono, faz parte do Clube d@s Poetas Viv@s. Ex-diretor administrativo do Instituto Galego de Estudos Célticos. Académico de Número da Academia Galega da Língua Portuguesa. Tem publicado artigos na jornal La Región, na revista Agália, no Portal Galego da Língua e em MundoGaliza.com. Publicou o Curso Prático de Galego (AGAL, 1999), Âmago/Mâgoa (Baia, 2002 - Em parcería com Roi Brâs), Bandeiras de Galiza (AGAL, 2006) e Atlas histórico da Galiza (Edições de Galiza, 2008).
É editor do blog Desperta do teu sono: http://despertadoteusono.blogspot.com.
(Públicado em Elipse núm. 3)

domingo, 20 de dezembro de 2015

Non penses...

Non penses...

Non penses...

Espera a que amañeza
ou chova.
Espera a que sopre o vento
no teu interior.

Espera...
así:
pura,
descalza,
amorosamente viva...

que eu respirareite durante séculos.
Jaime Moreda Santamaría (Rivadavia, 1973. Galiza)
Leva escrevendo poesia desde a sua adolescência, empeçaria lá pelos 16 ou 17 anos. Não é um autor muito prolífico, ainda que ultimamente as suas musas estão a ser generosas dando como resultado que nestes anos escrevesse tanto como no resto da sua vida. Escreve tanto em galego como em castelhano e vem de sacar o seu primeiro poemário intitulado Pequeños poemas desesperados no que está compilada quase toda a sua produção poética.

(Públicado em Elipse núm. 3)

domingo, 13 de dezembro de 2015

Tributo sincero e amigo...


Tributo sincero e amigo...
Solidário para com todas as mulheres companheiras e mães...
Mas ainda para todas aquelas que optaram por outra orientação sexual...
Com a coragem e luta necessária contra o estigma e segregação...
Vós mulheres que sois duplamente exploradas!? ...
Parabéns para ti si, e elas...
Mas também para todas vós mulheres incompreendidas!?...
Inúmeras vezes agredidas e vilipendiadas!?...
- mas sempre musas...
Sois autoras de lindos textos espontâneos ou não...
Quando inspiradas, sois criadoras das melhoras obras de literatura...
Também na poesia...
Assim como em todas as outras áreas das artes...
José Carlos Costa (Vila Nova de Gaia. Portugal)

Filosóficamente libertário.
(Públicado em Elipse núm. 3)
 

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Qaside do corpo

Collage


Moncho Iglesias Míguez (Vigo, 1974. Galiza)
Licenciou-se em Filologia Hispânica e está a fazer a_sua tese de doutoramento comparando contos de_tradição oral palestinos e galegos. Ministrou aulas de espanhol na Universidade de An-Najah, em_Palestina, trabalho que combina com a escrita literária e jornalística, e com a tradução. Colabora habitualmente com revistas como Tempos Novos e Dorna e no jornal digital Praza pública.
Entre as suas obras figuram títulos como o poemário Oda ás nais perennes con fillos caducos entre os brazos (2007), o romance Tres cores: azul (2009), os poemarios Pedras de plastilina (2012) e Abuelita-Aboiña (2013) ou as traduções desde o hebreu O_condutor de autobús que quería ser deus (2006) e Saudades de Kissinger (2011), e de Mahmud Darwix, a partir do árabe: Carné de identidade (2012).

(Públicado em Elipse núm. 3)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Berro de Amor

Berro de Amor

A da miña ten na súa, substrato animista ­­-non pode ser doutro xeito: a convivencia cos animais, a fonte cega, o lume da cociña de_ferro, velar os mortos na casa, dan arcanas sabenza e_percepción-,  cun minguante catolicismo devoto de rosario e internado,  e o seu  humanismo laico, crítico, feito a base de aluvións e tropezóns de realidade: as_evanxélicas cruzadas, as de Terra Santa e a do 36, a lascivia e_a_crueldade duns Borgia sentados na cadeira de Pedro, hoxe a manda de cregos pedófilos…
Xogo co malentendido, non falo de min senón da fe da miña muller, ora que o da súa fe é só un pretexto para entrar en materia, seica  o meu inicio sexa extravagante e máis axeitado coa intención do escrito sería falar da_súa forma de sentir, da súa voz, ou de calquera dos moitos dons que de natural posesión goza, pero estaríamos no mesmo, un artificio que permite un comezo. Espero non caer no panexírico,  ou na glosa de santa, nestas palabras  que me dan a oportunidade de dirixirme a todos, son un medio para lle cantar.
Oxalá tivese a lírica dos do leixaprén, eu que son consciente do uso e abuso do posesivo miña. Mais con perdón ou sen el, de académicos ou das_de Femen -sabedoras estas que este posesivo ten moito de encofrado ou gaiola-, a rachar pulmóns, todo potencia sen asomo de dúbida ou_timidez, eu berro e propago: miña.
A Elís, miña muller meiga, na noite de moitos excesos de aninovo, con todo meu amor, cun cativo propósito de mellora tras esta quincena xuntos: as nosas esperanzas non se consuman na loita cotián pola supervivencia.


M. Pardo (Galiza).
(Públicado em Elipse núm. 3)