quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Fui eu, madr', a Sam Mamed', u me cuidei

B 1268, V 874
LP 65, 3

Fui eu, madr', a Sam Mamed', u me cuidei
que veess'o meu amig', e nom foi i;
por mui fremosa, que triste m'en parti!
e dix'eu como vos agora direi:
 «Pois i nom vem, sei ῦa rem:
 por mi se perdeu, que nunca lhi fiz bem».

Quand'eu a Sam Mamede fui e nom vi
meu amigo, com que quisera falar
a mui gram sabor, nas ribeiras do mar,
sospirei no coraçom e dix'assi:
 «Pois i nom vem, sei ῦa rem:
 por mi se perdeu, que nunca lhi fiz bem».
Depois que fiz na ermida oraçom
e nom vi o que mi queria gram bem,
com gram pesar filhou-xi-me gram tristem
e dix'eu log’assi esta razom:
 «Pois i nom vem, sei ῦa rem:
 por mi se perdeu, que nunca lhi fiz bem».


Joham de CangasNatural de Cangas de Morraço, península da ria de Vigo. Julga-se que foi um jograr, como o seu nome parece atestar, e por estarem as suas três cantigas integradas no grupo de composições de autoria de jograis galegos nos manuscritos. Nada mais sabemos sobre a sua biografia.
(Publicado em Elipse 4)

sábado, 1 de outubro de 2016

Um mundo em technicolor



Um mundo em technicolor
Estas instantáneas pertencem a duas tribos desse grande mosaico de inigualável riqueza etnográfica que é Etiopia e a_regiom do rio Omo. Na imagem da esquerda umha mulher Bena, tribo emparentada com os_Hamer, dirige-se a um mercado local onde, cousas do «progresso e a moda» já luzirá a_camisola que até esse momento porta por cima da cabeça sem mais cuidado. Este povo, ao igual que os Dassanech, na imagem da outra página, som ainda hoje povos que adicam a meirande parte da sua atividade ao cuidado do gado do que obtenhem junto com outros elementos vegetais o_imprescindível para a sua manutençom, vestido e habitaçom.
Eu que moro na Galiza, um país com umha cultura e umha língua que luita por sobreviver, também gosto de habitar num planeta no que poder atopar umha pluralidade de paisagens, de cores, de ecossistemas vivos onde a fauna e a_natureza floreza, um planeta onde umha grande diversidade de povos e culturas fagam que poidamos escuitar, degustar, cheirar e olhar um_mundo em tecnicolor, como se dizia quando chegou a cor ao cinema. Nom gosto dum mundo plano, cincento, monocor, onde só haja umha língua, umha cultura dominante que asovalha às outras, um mundo onde um escuite, para pôr um exemplo, a Lady Gaga em Vigo, Nova Iorque, Katmandu ou Nairobi, e se silenciem outros sons fermosos que expressam  os sentires das gentes desses lugares que fam parte desse mosaico , desse grade arco da velha que foi e deve seguir a ser o_nosso planeta.


Alfonso Díaz [Foni]. (Galiza)
Afeccionado à fotografia e às viagens.
(Publicado em Elipse 4)